Publicado por: Paulo Fragoso | 24/01/2008

10.25h

 Lembro-me que estava sol como hoje. O ano foi o sempre marcante 2000. Um número redondo, tal como tu a primeira vez que te vi por inteiro. Por inteiro porque antes disso teimavas em não te mostrar, em não querer sair do quente ventre da tua mãe. E olha que ela sofria para te mostrares. Aquele sofrer que doía mas aquele sofrer por prazer. Prazer de te lançar ao mundo, de te ouvir chorar e finalmente poderes sentir o calor da pele da tua progenitora. Sim, saíste e foste directo para o calor do peito de quem te carregou todo aquele tempo. Um dia que jamais esquecerei.Um dos dois dias que jamais esquecerei, e ainda bem que por boas razões, lindas razões. Temos sempre um dia que nos marca e nos acompanha pela vida fora. Sou feliz por ter dois. Naqueles 10m2 de sala vivia-se uma tempestade de emoções. O teu pai tinha sido “convidado” a dar-te as boas vindas, logo ele que treme só de pensar que vai tirar sangue quanto mais ver aquele “espectáculo”! Pois acreditas que nem olhei para trás? é a oportunidade de uma vida ver chegar uma vida! Não hesitei e lá me prostrei ao lado da tua mãe,dando-lhe a mão pois é só isso que o um pai pode dar nesses momentos, sem querer importunar o trabalho daquela mulher que ia ajudar-te a vires ao mundo. Tinha tanto de simpatia como de peso. Era negra e devia pesar mais de 100 kg’s. Ao mesmo tempo que incentivava a tua mãe incentivava-me a espreitar o trabalho de parto.Nem queria acreditar quando reparei que aos poucos lá ias dando um ar de tua graça, já te via o couro cabeludo mas como se calhar sentias algum frio, mantinhas tudo o resto bem escondido. Teimoso, tal como ainda és hoje. A tua mãe tentava pôr em prática tudo aquilo que aprendeu naquelas aulas pré-natais, acho que “tentava” é mesmo o termo porque quando chega a hora quais lições qual carapuça! A verdadeira ajuda estava na experiência das centenas de partos que aquela senhora gorda já tinha feito certamente, e no desejo que tinhamos de te ver e cheirar. “É agora!”, ouviu-se na salinha. Em 2 segundos foste expelido e estavas nas mãos daquele anjo negro que te segurou e de imediato te aconchegou em cima da tua mãe que vertia tanto de lágrimas como de suor. E eu vi tudo e guardo todo esse filme pedindo a Deus que me ajude a nunca o esquecer. Estava sol nesse dia 24 de janeiro. Olhei para o relógio, eram 10.25h quando te cheirei. És o meu Homem, João!


Respostas

  1. Numa palavra: Lindo!

  2. Parabéns.

  3. ABENÇOADA MULHER QUE ALÉM DE TER 2 JOTAS UM FEMININO E UM MASCULINO AINDA TÊM UM P DE PAI, DE PARCEIRO,DE POETA E PORQUE NÃO DE PROFETA, OU NÃO FOSSE PAULO UM APÓSTOLO…..
    FELICIDADES……

  4. Mãe…

    No meu peito queres tocar,
    peito, este que não soube dar,
    para uma criança acabada de brotar;
    pelo seu leite a fez chorar!

    O meu corpo desejas tocar,
    Tempo que o fez degradar.
    Dentro dele fez gerar,
    Uma criança que só ela sabe amar!

  5. É de um verdadeiro PAI…

  6. parabens!!!! já passei pelo mesmo, e a presença do pai é do melhor que há para aliviar um turbilhão de emoções. Afinal se aquela pequena vida começou com a presença dos dois, porque não os dois para dar as boas vindas ao tesouro que esta prestes a ver a luz do mundo.

  7. Ola Paulo

    Ando aqui a dar uma voltinha e quem encontrei….

    Além de grande comunicador na Rádio é também na escrita!

    Até chorei!

    Pois é o meu pirralho também nasceu nesse ano mas dia 6 de Novembro!

    Até amanhã (sim porque eu oiço todos os dias a Rádio :O))

  8. Olá Paulo!
    Já lá vão uns meses que li este seu texto, e nessa altura já o meu “anjo” andava na minha barriga, na altura ao lêr chorei de emoção, pelo que escreveu e por imaginar como seria quando chegasse a “minha hora”!
    Pois hoje, voltei a lêr, voltei a chorar, e relembrei como foi “a minha hora”, um pouco complicada, diga-se, mas a emoção foi maravilhosa, tal como a que sentiu naquele dia de 2000 e para meu espanto a rádio que tocava baixinho na sala de partos era a RFM!

  9. Há segundos, minutos, dias, que se tornam inesquecíveis, só nossos pelo Amor que o nosso olhar derramou naquele ser tão frágil, por isso, tornam-se únicos como a Rosa do Principezinho…

    “Foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus a redoma. Foi a ela que abriguei com o para-vento. Foi dela que eu matei as larvas. Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.”

    Antoine de Saint-Exupéry

    http://aoromperdabelaaurora.wordpress.com/

  10. Amigo paulo uma palavra: A D O R E I !!! PAI É PAI E FICA TODO DITO!!! TESOUROS DESTES NÃO TEMOS TODOS OS DIAS,MAS GRAÇAS A DEUS QUE PODEMOS PRIVAR COM ELES S E M P R E !!! PAULO AQUELE ABRAÇO SEMPRE !!!


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