Publicado por: Paulo Fragoso | 26/02/2008

Gota(s)

    Correm suavemente. Límpidas e suaves. Longas e estreitas. Brilhantes e doces. Há quem não goste de as mostrar. Há quem lhes corte o caminho. Há quem nem dê por elas a percorrer-lhe a face, por vezes até ao pescoço, numa viagem que parece não ter fim. É mágico. Todos as temos. A uns saltam mais que a outros.. Há quem prefira guardá-las. Outros há que não as mostram a ninguém. Apesar de parecerem todas iguais, todas são diferentes. Todas caem por razões diversas. Por vezes inesperadas.  Muitas, sentidas. Umas caem a rir. Outras a “chorar”. Umas com um sorriso. Outras com dor. Muitas são o espelho da alma. Imagens reflectidas em água. Em gotas. Há quem as provoque. Há quem fique aliviado ao expulsá-las. Como é belo. Como uma simples gota pode dizer tanto e tão pouco ao mesmo tempo. É difícil resistir-lhes. São, por vezes, mais fortes que qualquer um dos mortais. Têm o Dom de embelezar a face de muitos. Resistem ao tempo teimosamente. Há as eternas. Aquelas que perduram na memória. Invisíveis. Mas estão lá. Fustigam os olhos. Carregam-nos de emoções. Ganham outra cor, outro brilho. Basta cair uma gota para se dizerem mil palavras. Trazem com elas recados, decifrados à medida que escorrem. Mensagens entendidas com um simples toque. Ao de leve. Há que deixá-las percorrer o seu caminho. É para isso que lá estão. Têm sempre um sentido. Único. A descer. O que não significa que não gritem bem alto o que sentem. Raiva. Amor. Ódio. Tristeza. Alegria. Enfim, está lá tudo. Há que saber ler as entrelinhas. Que se cruzam com a alma. Com o estado de espírito. Incandescentes. Luminosas. Mas também negras por vezes.  Como negros são os pensamentos de muitos. Uma gota, duas gotas a escorrer e o olhar sobre o mundo à nossa volta atinge outro horizonte. Outros “sentires”. Quando do céu também caem, alguém o faz por nós. Alguém divino. Alguém nosso. Há sempre alguém a olhar por nós. A fazer-nos lembrar que existimos. E também por isso, elas caem. A existência leva a isso. E é tão bom existir. E senti-las correr.


    Respostas

    1. Está lá mesmo tudo! Se forem falsas sem qualquer sentimento associado, seja ele qual for, nota-se tão bem a diferença… Sejamos simplesmente sinceros porque de contrário não vale a pena.

    2. Está tudo dito, não precisa de nem mais uma virgula.
      Beijinhos
      Luisa

    3. Lembro-me de ir com a minha mãe ao antigo cinema Monumental, ver o Ben-Hur, a minha mãe adorava cinema e passou-me o “bichinho” por essas alturas deveria ter 10 anos, as minhas lágrimas tinham secado aos 7 quando o meu pai partiu para detrás das nuvens como dizia a minha mãe. Voltando ao filme, numa determinada cena, a sala inteira “fungava”, enquanto eu ria e a minha mãe dáva-me “cotoveladas”…os anos passaram e pouco a pouco as lágrimas voltaram…3 meses depois de chorar por o fim de um casamento de 8 anos que nunca deveria de ter acontecido, aquela que me deu a vida, amor e me ensinou a ser mulher, fica doente…a minha mãe sempre me disse que as lágrimas tinham cor, eram azuis, de um azul tão claro que só Deus conseguia vê-lo, assim ele podia destinguir as verdadeiras das falsas. Quando a minha super-mãe ficou doente, totalmente dependente, tingi muitas almofadas, ainda a tenho comigo, no meu Castelo de Princesas, todos os dias adormece a sorrir e acorda a sorrir, acho que aprendeu esta “técnica com a minha “bébé”, mas não muito, 12 anos,
      calça 39, mais 2 dedos e já me passa nas alturas. Quanto às lágrimas são as minhas aliadas no cinema…verdade, choro em quase todos, na Amália, no Austrália…até nos Transformers, chorei…quando o Amarelo está quase a morrer, quando ela está quase a morrer e ele lhe faz aquela linda declaração de amor…sim pode ser ridiculo…mas até nas comédias choro de tanto rir…segundo os oftalmologistas até tem os seus benefícios, certo???


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